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A história do povoamento europeu das terras do que hoje é conhecido como bairro da Urca remonta ao início da própria cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Até o século XVI, toda a região ao redor da Baía de Guanabara era habitada por povos indígenas de língua tupi. Em 1555, colonos franceses sob o comando de Nicolas Durand de Villegagnon estabeleceram-se na Baía de Guanabara, levando Portugal a enviar uma expedição para expulsá-los em 1560.
Subsistindo franceses na Guanabara, uma nova expedição foi enviada, sob o comando do capitão-mor Estácio de Sá. Estabeleceu um núcleo fortificado à entrada da barra em 1º de março de 1565, dando por fundada a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro ( em homenagem a Sebastião de Portugal). O local do desembarque e da fundação foi a pequena faixa de terra na "várzea" entre os morros Cara de Cão e Pão de Açúcar, atual Praia de Fora, nos terrenos da Fortaleza de São João. Vale notar que, na época, o conjunto dos morros Cara de Cão, do Pão de Açúcar e da Urca era isolado do continente, formando uma ilha chamada Ilha da Trindade.
Os portugueses decidiram se estabelecer nessa ilha justamente pela proteção que esta oferecia contra o ataque dos índios tupinambás (também chamados tamoios) que dominavam a baía. Após o desembarque, foi erguida uma ermida de taipa e sapê para entronizar a imagem de São Sebastião. O fundador, Estácio de Sá, morto em 1567, foi enterrado nessa mesma capela, e aí ficou até 1583, quando seu corpo foi trasladado para o Morro do Castelo, onde a cidade já se achava estabelecida. Localizavam-se as primeiras casas e igrejas da cidade na área onde hoje funcionam a Fortaleza de São João e a Escola de Educação Física do Exército. Com a mudança da cidade para o Morro do Castelo, a Vila ou Cidade Velha, como passou a ser chamada, passou a ser usada somente na defesa da Baía de Guanabara.
Nos anos de 1659-1660, o trecho de mar entre a Ilha da Trindade e o continente foi aterrado por ordem do governador da Capitania do Rio de Janeiro, Salvador Correia de Sá e Benevides, formando a atual Praia Vermelha[6]. Os primeiros prédios que ocuparam a Praia Vermelha tinham, por sua localização, por objetivo a defesa militar. Assim, logo no início do século XVIII, foi construído um forte.
Até o final do século XIX, o bairro da Urca, no formato pelo qual o conhecemos hoje, simplesmente não existia, porque as águas da Baía de Guanabara batiam diretamente nas rochas que circundam os morros da Urca e do Pão de Açúcar, inviabilizando qualquer edificação nessa área. Para para se ter acesso à Praia de Fora e à Fortaleza de São João, por exemplo, se era necessário ir diretamente por mar. Em 1852, foi inaugurado o Hospício Pedro II, no prédio atualmente ocupado pelo campus da Praia Vermelha da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em 1854, foi inaugurado o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, atual Instituto Benjamim Constant.
HISTÓRIA
Escola Militar da Praia Vermelha, em 1888
A partir de 1856, instalam-se, sucessivamente, na Praia Vermelha, o Batalhão de Engenheiros e a Escola Militar e de Aplicação. Entre 1870 e 1880, o comerciante português Domingos Fernandes Pinto sonhou em transformar o local num novo bairro, ou melhor, numa nova cidade, com os prédios obedecendo "a um novo estilo, elegante e artístico". Em 2 de março de 1895, ele assinou contrato com o município para a construção de um cais, ligando a Praia da Saudade, em frente ao Instituto Benjamim Constant, à Escola de Aprendizes de Artilheiros, na Fortaleza de São João. Mas esta obra foi embargada pelo Exército, com a alegação de que a obra prejudicaria a defesa do forte (como se viu mais tarde, o bairro em aterro criou um acesso mais direto àquela área militar).
Em 1908, realizou-se, no bairro, a Exposição Nacional Comemorativa do 1º Centenário da Abertura dos Portos do Brasil, para a qual foram construídos vários edifícios. A maioria desses edifícios foi derrubada após o término da exposição. Uma exceção foi o prédio do Pavilhão dos Estados, que é atualmente ocupado pelo Museu de Ciências da Terra. Em 1912, foi inaugurado o Bondinho do Pão de Açúcar. Em 1919, foi assinado um novo contrato com a prefeitura, mas Domingos Fernandes Pinto não pôde cumpri-lo. Em 1921, o engenheiro Oscar de Almeida Gama constitui a Sociedade Anônima Empresa da Urca, para construção de um cais ligando a Praia da Saudade (na entrada do bairro) à Fortaleza de São João, nos termos do contrato de 1919.
Entre as cláusulas do contrato para a construção do bairro da Urca, estava construir uma escola para 200 alunos, que veio a ser a atual Escola Minas Gerais. A Avenida Portugal foi oficialmente inaugurada pelo presidente Epitácio Pessoa e, na mesma época, a antiga praia da Saudade recebia a denominação de Avenida Pasteur.
Logo depois, a prefeitura concedeu terrenos de aterro ao longo da costa para sociedades esportivas, surgindo, entre outras, o Fluminense Yachting Club, atual Iate Clube do Rio de Janeiro. O plano geral de arruamento e loteamento da Urca foi aprovado em 1922.
Com a área pronta para ser habitada e o prédio do Hotel Balneário necessitando de maior proteção contra a água do mar, aumentou-se a faixa de areia, com os diques de proteção, ficando a praia com a forma que mantém até hoje. Portanto, o efetivo início do Bairro da Urca é de fins de 1922 e início de 1923, quando vai começar a receber os primeiros prédios. Em 1938, a cidade e seus habitantes têm a Praia Vermelha para uso civil, com a abertura da Praça General Tibúrcio.




